Quem já foi a um restaurante de culinária mineira sabe que a sensação é de estar entrando na cozinha de uma fazenda, com seus pratos deliciosos preparados à moda artesanal e com temperos in natura que lhes dão um toque todo especial.

Sejam salgados, sejam doces, as iguarias da culinária mineira atravessaram os séculos e estão presentes nos lares de todo o país. Cozidos, assados, queijos de diferentes aromas e texturas, doces em compotas, goiabada cascão, bebidas e, claro, o inigualável pão de queijo… Não importa onde você esteja, há sempre um pedacinho de Minas Gerais à mesa todo dia.

Deu água na boca? Então, fique conosco! Neste post, contaremos tudo sobre os sabores e as curiosidades dessa culinária que representa bem as tradições do nosso país. Além disso, apresentaremos o Arnaldo, restaurante-escola que virou sensação em Belo Horizonte. Acompanhe!

Quais as origens da culinária mineira?

As origens da culinária mineira remontam aos tempos do Brasil Colônia (meados do século XVII e XVIII), quando os tropeiros ― grupos de homens que transportavam gado, alimentos e outros produtos essenciais ― cruzavam o território mineiro.

Em posição geográfica estratégica, as serras de Minas Gerais eram um caminho obrigatório na rota entre o Norte e o Sul. Como, à época, as estradas eram apenas picadas na mata, o que tornava o acesso difícil e quase uma luta pela sobrevivência, os ingredientes transportados se tornavam parte importante dessa alimentação. Inclusive, alguns desses itens se transformaram na base de boa parte dos pratos, como:

  • o leite;
  • as carnes de boi, porco e frango;
  • a banha;
  • o milho;
  • o feijão;
  • o açúcar;
  • as frutas.

Também não podemos nos esquecer de que essa comida mais forte e temperada é uma herança da presença dos escravos africanos, que sofriam com o tráfico na região. Além da deles, existe grande influência da cultura indígena.

Ou seja, olhar para a culinária mineira nos restaurantes, em casa ou em fazendas é enxergar a miscigenação que marca a formação da cultura e do povo brasileiro.

A preparação dos pratos

A tradição da culinária mineira começa já no tipo de ferramenta de cozimento, que se resumia em fogão à lenha, caldeirões e grandes tachos para mexer refogados e doces. Isso porque era dessa maneira que se cozinhava nas grandes fazendas; já nas comitivas, era usado o chamado “fogão de tropeiro”, uma montagem improvisada com panela de ferro, fogueira e, quando possível, um suporte onde se pendurava o utensílio.

Por isso, muitos dos pratos consistem em refogados com vários ingredientes, como os doces, feitos de frutas e/ou de leite ― o qual viraria o inigualável doce de leite.

Algumas cidades mineiras preservam até hoje a tradição desse tipo de preparo, como é o caso das cidades históricas (Ouro Preto, Mariana, São João del Rey, entre outras). Se você viajar para alguma delas, verá inúmeros restaurantes não apenas instalados nos casarões centenários, mas também, principalmente, utilizando essa forma rústica de cozimento.

Quais as comidas típicas mais conhecidas dos restaurantes de culinária mineira?

Deu água na boca? Então, vamos comentar alguns dos pratos típicos que são destaque na mesa das famílias e nos restaurantes de culinária mineira.

Feijão tropeiro

O feijão tropeiro é uma mistura que rende uma enorme dose de energia e nutrição. Tendo como base o feijão (principalmente fradinho ou carioca), o prato original resulta da junção de torresmo, farinha e alho. Para dar mais sabor, foram agregados ovos, linguiça calabresa e cebola e, para completar, inclui-se arroz branco e couve refogada como acompanhamento.

Leitão à pururuca

Sensação em épocas de festa, o leitão à pururuca leva a carne crocante do leitão servida com arroz, couve, farofa e batata assada. Para pegar mais sabor, a carne fica maturando com limão, sal e alho por cerca de 12 horas. Depois, ela vai para o forno durante 1h30. Aqui, um detalhe: na receita original, o assado era servido inteiro, em vez de aos pedaços.

Frango com quiabo

O nome é autoexplicativo. Para quem não tem preconceitos com o vegetal, vale aproveitar os sabores dessa iguaria resultante da união de frango marinado (preferencialmente sem pele) cozido com quiabo aos pedacinhos. Completam o prato arroz branco, angu e farinha de mandioca.

Tutu à mineira

Outro prato cuja base é o feijão. Seu preparo consiste em bater, no processador, a semente cozida sem tempero até virar uma pasta. Depois, essa é levada ao fogo com ingredientes como alho, cebola e pimenta do reino. São misturados, ainda, linguiça e bacon. Inclusive, despejar uma dose de cachaça faz toda a diferença. O prato é finalizado com ovos e servido com couve e arroz.

Queijos

Não dá para falar de Minas Gerais sem citar seus queijos premiados internacionalmente. Um dos itens históricos da culinária mineira, o queijo mineiro figura como prato principal ou importante coadjuvante de inúmeras receitas tradicionais e contemporâneas de gastronomia autoral. Alguns dos principais são:

  • Queijo Minas Frescal ― branco, de sabor mais suave, harmoniza bem com doce de leite e goiaba, sendo ideal para o café da manhã. Sua maturação dura cerca de 10 dias;
  • Meia Cura ― amarelinho, firme e de sabor mais intenso. Combina bem com o lanche da tarde e fica ótimo com goiabada. Sua maturação dura cerca de 5 semanas;
  • Curado: é um queijo cuja maturação pode levar meses ou anos. O sabor é muito intenso e, por isso, ele é utilizado em receitas especiais e harmoniza com vinho. Esse é o tipo mais caro e atraente.

Uma curiosidade: cada região produtora de queijo, fazendas e até famílias costumam colocar seus nomes nos produtos. Exemplos: “queijo serra da Canastra”, “Cabacinha”, “Vale do Suaçuí”.

Doce de leite, goiabada, compotas e doces cristalizados

O doce de leite é uma das maiores vitrines da culinária mineira em restaurantes, lanchonetes e mesas de famílias. Em barra, cremoso, ambrosia... não importa a forma, ele vai bem com tudo.

Outra anfitriã da cozinha mineira é a goiabada, que pode ser cremosa ou de corte. Nessa última versão, a goiabada cascão é a mais tradicional.

Já as compotas de frutas são doces cozidos com açúcar quase em ponto de geleia, mas com pedacinhos al dente. Abacaxi, figo, mamão e abóbora são destaque. Ainda, há os doces cristalizados, que são cozidos e, depois, envolvidos em açúcar cristal.

Pão de queijo

Para terminar o desfile de pratos mineiros, não poderíamos deixar de mencionar o pão de queijo, que é uma paixão nacional. A receita original é uma junção de goma, queijo meia cura ralado, leite, ovos, manteiga e sal. Porém, com a evolução da cozinha, hoje temos outros tipos de queijo que substituem o meia cura, além de inúmeros recheios.

Qual a mais nova opção de restaurante de comida mineira em BH?

Se você vai para Belo Horizonte ou está na cidade, vale a pena conhecer o recém-inaugurado Arnaldo Restaurante-Escola, vinculado à Faculdade Arnaldo.

Localizado na Av. Carandaí, 420, Funcionários, o restaurante dá um toque de contemporaneidade à cozinha mineira, reinventando pratos tradicionais e trazendo várias novidades. Além disso, no espaço, funciona um empório com produtos artesanais ― tudo com excelente qualidade e ótimo custo-benefício.

O estabelecimento é fruto de uma proposta pedagógica do curso de Gastronomia para proporcionar experiências práticas aos estudantes, que participam de eventos e comercializam, no empório, produtos feitos por eles mesmos.

Além disso, trata-se de um espaço colaborativo que está recebendo a parceria de diversas marcas mineiras, como Roselanche (Barbacena), Cervejaria Bruder (Ipatinga) e Café dos Reis (Viçosa).

Quem assina os pratos é o gastrônomo Fagner Rodrigues, professor da Faculdade Arnaldo. No local, também funciona um descontraído espaço de coworking.

Esperamos que você tenha gostado de conhecer um pouco mais sobre as origens e curiosidades da culinária mineira presente nos restaurantes e nas residências Brasil afora. Agora, conte para nós sua experiência com as delícias gastronômicas de Minas Gerais! Deixe aqui embaixo um comentário no post.